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Um par de sandálias para o peregrino revistaxapuri.info

Um par de sandálias para o peregrino

Um par de sandálias para o peregrino

Para Pedro Casaldáliga…

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Por Pedro Tierra

Um par de sandálias para o peregrino.
Seja quem for o peregrino que nos vem.
Um par de sandálias para proteger-lhe
os pés da áspera pedra dos caminhos.
Rústicas. Recortadas em couro e utopias.
Trabalhadas pelas mãos de perseguidos
que lavram, na sombra, a frágil matéria dos dias.

(Na larga história do tempo
a noite, sem saber, foi condenada
ao círculo perfeito da agonia:
mãe e coveira da manhã anunciada.)

Recolhemos sonhos, dores, esperanças,
polimos penas, tormentos, fúrias
e o impulso elementar de liberdade
que orientam os passos desse estranho peregrino.

Buscam o martírio? O martírio não se busca,
se vive. Como se vive
“la muerte que da sentido a mi vida…”
Percorrerão o pó dos caminhos,
a vasta geografia do drama urdido
pelos filhos de êxodo e da miragem.

Por nossas mãos que trabalharam
o couro, a borracha, as fivelas,
a fugitiva parcela de sonhos que cultivamos.
As sandálias do peregrino vão palmilhar
os desertos da alma, a impossível alegria do povo
para oferecer o bálsamo da palavra
e, quem sabe, os leites minados da lua
para nutrir como seiva
a esperança que nos mantém pulsando.
E para repetir com ele:
“me atengo a lo dicho: la esperanza”.

Pedro Tierra – Poeta da Resistência: “Poema recuperado de uma carta manuscrita a meu irmão fr. Airton Pereira OP. Provavelmente enviada do Carandiru, 1974.”

https://revistaxapuri.info/elizabeth-teixeira-resistente-da-luta-camponesa/

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapui.info. Gratidão!

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