Um filhote de Muçurana
Outro dia um filhote de muçurana apareceu na garagem aqui de casa. Era uma lindeza de bebê, todo laranja, de cabeça e rabo preto, com menos de meio metro de extensão. Assim como chegou, pegou o rumo do mato, em uma paz de dar gosto.
Por Zezé Weiss
A única vez que eu tinha visto uma muçurana antes foi em Antígua, na Guatemala, há mais de 30 anos. Lá, a bichinha é endêmica e muito respeitada, sobretudo pelos povos originários, porque é ofiófaga, ou seja, come outras cobras, em especial as venenosas, como as cascavéis e as jararacas, tão comuns aqui no Cerrado.
Foto: Mundo dos Sonhos
Pesquisando na internet, descubro que a muçurana, serpente do gênero Clelia, também pode ser encontrada em algumas regiões do Brasil, dentre elas no Cerrado, como esse filhote que apareceu aqui por casa. Enquanto jovem, mantém o corpo laranja ou cor de rosa, com a cabeça preta, como uma falsa-coral. Depois de adulta, alcança uma coloração azul-chumbo e chega a medir 2,4 metros.
A muçurana é imune ao veneno de todas as cobras, exceto da cobra coral verdadeira, a única capaz de matá-la, em geral depois de uma disputa que dura mais de hora. Totalmente inofensiva para nós da raça humana, é bom tê-la por perto, o que fica cada vez mais raro, por conta da destruição de seu habitat, de preferência áreas de vegetação densa, ao nível do solo.
Zezé Weiss – Jornalista Socioambiental. Com informações e imagem de capa de: mundoecologia