Traição tem a mesma origem que a palavra tradição. O termo trair vem do latim traditione. Na sua etimologia a palavra tem como conotação a atitude ou entrega de alguma coisa prejudicial a outro, ou a um grupo.
O conceito de traição implica que entre os elementos envolvidos em relacionamentos pessoais ou políticos de grupos há confiança.
Dessa forma, o traidor pode surgir entre amigos ou entre pessoas que atuam num mesmo grupo ideológico, causando sofrimento, revolta e angústia na pessoa ou no grupo traído.
Não é sempre que aparece um traidor. A história e a literatura estão repletas de exemplos de grandes lealdades e grandes parcerias: Sherlock Holmes e Watson, Dom Quixote e Sancho Pança, John Lennon e Paul McCartney. Mas, em alguns casos, quando a traição acontece, o desfecho pode ser trágico.
Algumas das traições mais famosas da história foram: Judas, que traiu o seu mestre Jesus, entregando-o às autoridades judaicas. Esta traição também é famosa porque Judas identificou Jesus através de um beijo e para isso recebeu 30 dinheiros.
Em 1789, Joaquim Silvério dos Reis traiu o inconfidente Tiradentes, causando a sua morte por enforcamento. No século I a.C., o imperador romano Júlio César foi vítima de uma conspiração de senadores para tirá-lo do cargo. Entre eles estava o seu filho adotivo Marcus Brutus. Traído pelo próprio filho, o imperador foi apunhalado durante uma reunião do Senado.
Na fase contemporânea, durante a ditadura militar de 1964, tivemos vários casos de traição. O mais famoso foi o do “cabo Anselmo”, que, segundo consta, esteve a serviço da repressão e da CIA.
Nos últimos dias, na mais cruel perseguição ao presidente Lula, Antônio Palocci, na ânsia de se salvar da prisão imposta pelo justiceiro de Curitiba, resolveu trair a confiança do seu companheiro de fundação do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Embora tenha sua origem do movimento revolucionário, o traidor Antônio Palocci parece ter perdido o senso de grandeza, de responsabilidade e de honra. O teor da sua carta acusatória demonstra um ser egoísta e rancoroso. Ao criticar a indicação de Dilma para concorrer à presidência, dá a entender que seria ele o “delfim herdeiro aparente da coroa”.
Mas não foi nem o PT nem Lula quem o “deserdou.” Foi ele que, em vez de se preparar e se preservar para ser presidente do Brasil, optou por perder sua dignidade política com acusações falsas contra um pobre caseiro, numa posição discriminatória de classe.
Se bem é certo que a Deusa do Olimpo lhe era benfeitora e a ocasião parecia propícia para que se tornasse presidente, também é certo que foi seu comportamento leviano em festas e frivolidades tipicamente brasilienses na casa em que morava que lhe custaram a chance de governar o Brasil.
Palocci foi uma das mais importantes figuras do Partido dos Trabalhadores. Ele teve o respeito e a confiança do PT e de Lula, e jogou tudo na lata do lixo. Pessoas desta têmpera não podem ser confiáveis. Assim, a elas só resta a traição.
Trajano Jardim
Jornalista e Professor Universitário