Selva, não! Silva!
O Mendes, major da reserva do Exército, meu vizinho do quarto andar, sabe que eu sou comunista desde criancinha e, sempre que pode, tenta me provocar….
Por Antônio Carlos Queiroz (ACQ)
O Mendes, major da reserva do Exército, meu vizinho do quarto andar, sabe que eu sou comunista desde criancinha e, sempre que pode, tenta me provocar.
– Ô, Queiroz, usando máscara até hoje! A pandemia já acabou, porra!
– Ô, Mendes, tem agora as partículas das queimadas em suspensão. Elas deixam os crepúsculos bonitos, vermelhos que nem a bandeira da China, mas os pulmões da gente sofrem, camarada!
– Tsk! Tsk!
Com todos os muxoxos e bolsonarices dele, tenho compaixão do Mendes, talvez por causa da diabetes que consome ele aceleradamente, coitado!
– “Consome ele” está errado, Queiroz. É “que o consome”. E no Brasil esse mal tem gênero masculino: “o diabetes”!
O Mendes é terrível. Além de diabetes, sofre da gota e de gramatiquice, a mania de corrigir a fala dos interlocutores, como se nós fôssemos soldados do Napoleão Mendes de Almeida.
Hoje de manhã encontrei o Mendes comprando uma bandeira do Brasil e uma toalha do Bolsonaro. Diz ele que vai participar da parada do Sete de Setembro na Esplanada. Ao se despedir, ele berrou:
– Selva!
Sem pestanejar, fiz o ele ca mão e respondi uma oitava mais alto:
– Silva! De Luiz Inácio Lula da Silva, ô, Mendes!
https://revistaxapuri.info/hoje-e-dia-de-chico-mendes/