Capital e Responsabilidade Socioambiental – problemas em aberto –
Há analistas mundiais que se perguntam se o atual modo de produção, montado sobre uma superexploração dos bens e serviços naturais, mediante uma excessiva concorrência, e com a ausência completa de cooperação, acrescida pelo individualismo cultural e pela exaltação da propriedade privada, do consumismo e das privatizações, não tornará a humanidade autossuicida. Ela não estaria criando as condições de seu desaparecimento?
Os riscos apontados serão evitados somente se ocorrer uma Grande Transformação das Consciências e das práticas (…). Isso exige vontade política de todos os países do mundo e a colaboração sem exceção de toda rede de empresas transnacionais e nacionais de produção: pequenas, médias e grandes.
Se algumas empresas mundiais se negarem a agir nesta direção poderão anular os esforços de todas as demais. Por isso, a vontade política deve ser coletiva e impositiva, com prioridades bem definidas e com linhas gerais bem claras, assumidas por todos, pequenos e grandes. É uma política de salvação global.
O grande risco residiria na lógica do sistema de produção globalmente articulado. Como já consideramos, seu objetivo é lucar o mais que pode, no tempo mais curto possível, com a expansão cada vez maior do seu poder, flexibilando as legislações que limitam a voracidade. Diane das mudanças paradgmáticas, as empresas se veem confrantadas com esses dilemas:
– Ou se autonegam, mostrando-se solidárias com o futuro da natureza e da humanidade e mudam sua lógica com o risco de irem à falência ou serem absorvidas por outras mais renitentes.
– Ou se autoafirmam em sua busca de lucro, desconsiderando toda compaixão e solidariedade, mesmo passando por cima de montanhas de cadáveres e da Terra devastada. Mesmo com um Titanic afundando, continuam fazendo negócios, comprando e vendendo jóias.
Nesse caso as empresas e o sistema vigente escolheriam o caminho já percorrido pelos dinossauros. Seeria um fim trágico.Mas confiamos que a lógida da vida, que sempre quer mais vida, seja mais forte do que a lógica do sistema e a voracidade por lucro das empresas, que é, em último termo, fugaz e ilusória.
Não dignfica a vida, antes a ameaça.
ANOTE AÍ:
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Leonardo Boff – A Grande Transformação na economia, na política e na ecologia.
Ediora Vozes, 2014