Parques Nacionais do Sul do Brasil: Belos e desprotegidos
No Brasil temos 327 Unidades de Conservação Federais (UCs) geridas pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, criado em 2007 com a missão de proteger e fazer o manejo das UCs.
Por Soninha do Meio Ambiente
Espalhadas por todos os biomas brasileiros – Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Marinho (bioma costeiro), infelizmente as a maioria das UCs padecem da falta de infraestrutura, principalmente devido à falta de orçamento para que o ICMBio possa fazer o trabalho necessário, dizem os profissionais do Instituto.
No nosso Sul temos o bioma Pampa, que ocupa uma área de cerca de 700 mil Km² localizada no Brasil, na Argentina e no Uruguai. Em território brasileiro, a proporção de área protegida no bioma Pampa é de 3,6%, porém, estima-se que somente 1% da área esteja protegida por UCs, segundo fontes do Ministério do Meio Ambiente (MMA)
O pouco investimento por parte do Poder Público e a inexistência de uma Politica Publica Ambiental para os Parques Nacionais fomentam a não regularização fundiária, o desaparecimento das populações tradicionais, e o baixo incentivo de pesquisa, deixando áreas de relevância natural, com patrimônio de biodiversidade ímpar, em total abandono.
Nos Parques Nacionais da Serra Geral e Aparados da Serra, que protegem nosso Pampa e Mata Atlântica a realidade não é diferente. Situados na cidade de Cambará do Sul, com pouco mais de seis mil habitantes, os dois Parques só estão abertos para a visitação pública por força e união da população local que criou o #SomosTodosParques.
Ali, voluntários cuidam praticamente de tudo, desde as portarias, à vigilância e à limpeza, tarefas tarefas inicialmente terceirizadas e agora interrompidas pelo Governo Federal, sem precisão de volta. Com o fechamento dos Parques, o dano seria grande para a comunidade, uma vez que o turismo constitui importante atividade econômica para o município.
Hoje, o Coletivo de Voluntários atua para manter aquilo que responde exatamente ao objetivo na criação do Instituto Chico Mendes, fazer com que nós possamos preservar e estudar nossa natureza escondida pelos cantos do Brasil dentro dos Parques.
O cânion Fortaleza, que se situa dentro do Parque Serra Geral, não possui qualquer infraestrutura, nem sede, nem banheiros. O que se tem ali é um voluntário fazendo o melhor que pode para receber e informar os visitantes, desde sobre a localização dos banheiros químicos até a presença nociva de búfalos que, com frequência, deixam suas pegadas pelo espaço do Parque que era para estar protegido.
Quando passei por lá, o cânion Itambezinho, no Parque Aparados da Serra, estava fechado à visitação, pois uma ponte em estado de ruína deixava inseguro o acesso. Também ali, eram os voluntários com seus recursos e força de trabalho que trabalhavam em ritmo acelerado para restaurar. E logo adiante, no Morro da Igreja, já não se exige mais autorização de entrada, pois não há nem funcionários nem voluntários para recebê-las.
O impressionante é que os dois Parques possuem Plano de Manejo desde o ano de 1992. Infelizmente, nada saiu do papel e, naquela região, tanto as belezas do Pampa quanto da Mata Atlântica continuam desprotegidas como sempre.
No último dia 5 de junho, quando comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, desejei muito que um dia possamos de fato comemorar a completa proteção de nossos belíssimos Parques Nacionais.
Enquanto isso, parabenizo o trabalho apaixonado dos voluntários e das voluntárias que desvelam em defesa da nossa natureza, fazendo a parte que cabe ao governo federal.
# SomosTodosParques
Foto: Parque Nacional da Serra Geral
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