O bom não é ir e voltar do jeito que se pode, mas ter opções distintas e dignas de fazê-lo.
A fotografia é de Amsterdam/HOL. Parece simplesmente reportar um cenário corriqueiro para o turista que atravessa o Oceano Atlântico com o intuito exclusivo de conhecer esta belíssima cidade. Afinal, seus canais, flores, avenidas, usos e costumes que marcam a irreverência de seu povo são elementos atraentes que colocam esta cidade em todos os circuitos turísticos do mundo.
Mas esta fotografia tem algo mais, aliás, muito mais! Ela é uma fotografia panorâmica produzida a partir da escala do pedestre e traz em seu enquadramento uma multiplicidade de opções de deslocamentos humanos. Tomada a partir do olhar técnico do fotógrafo, consegue retratar a coexistência de diferentes modais de transportes interagindo simultaneamente em seus espaços de mobilidade. Traduz a dinâmica de urbanidade que toda cidade precisa ter e zelar. Permite enxergar as pessoas vivenciarem seus consensos e dissensos sociais no território urbano, cada qual proveniente de um ponto qualquer da cidade por meio de opções distintas de deslocamento.
Mas não se trata de uma fotografia acidental. Seu enquadramento foi deliberado, sua composição cuidadosamente planejada antes do clique, porque os objetos nela inseridos são elementos fundamentais de uma cidade que é exemplo de mobilidade ativa no mundo. Não precisava tanto! Logo descobriu-se que esses elementos são uma constante na cidade. Qualquer ângulo panorâmico que se pretenda fotografar, lá estão a interagir, no mínimo, cinco modais de transportes simultaneamente. Exemplo de equidade no uso dos espaços de mobilidade.
A grande indagação é: as cidades brasileiras permitem panoramas semelhantes? Respondo que não, a despeito da legislação brasileira disponibilizar todas as ferramentas necessárias para tal.
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