Novembro Azul –
E eis que novamente o azul toma o lugar do cor-de-rosa de outubro. É o Novembro Azul, movimento internacional que surgiu na Austrália em 2003, para chamar a atenção para os cuidados com a saúde masculina.
Lá, em seu berço, o movimento é conhecido como MOVEMBER, junção das palavras moustache (bigode em inglês) e november (novembro em inglês). Em todos os lugares, a ideia é alertar os homens para a necessidade de prevenção do câncer de próstata, da depressão, dos acidentes de trânsito, da morte por causas externas e outras doenças. Ou seja, embora seja o câncer de próstata o alvo central do Movimento, a questão é mais ampla; o alerta é de que é preciso cuidar da saúde do homem, na sua amplitude.
A razão é simples: o homem é um descuidado consigo mesmo. Dados do SUS (Sistema Único de Saúde) mostram que os homens vão menos ao médico. Alguns se julgam invulneráveis, outros têm medo de “achar” doença, e há ainda os que acreditam que consultório médico foi feito para crianças, mulheres e idosos. A cultura de “visita” ao médico é mais comum na população feminina, com a primeira menstruação, a gravidez, os exames de Papanicolau de rotina. A prevenção não é ensinada ao homem. A campanha se repete todos os anos, sobretudo com esse intuito: mudar percepções, estigmas e valores.
O que é a próstata?
A próstata é uma glândula exclusivamente masculina, localizada na parte inferior do abdômen. É um órgão pequeno que produz sêmen, líquido espesso que contém espermatozoides e que é liberado durante o ato sexual.
O câncer de próstata no Brasil
Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de próstata é considerado uma doença da terceira idade (3/4 dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos) e é o segundo tipo mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
De acordo com o levantamento “O Fardo Global do Câncer 2013” (publicado no periódico Journal of the American Association Oncology), que calculou a incidência, morbidade e custo social dos 28 principais tipos de câncer em 188 países, o número de novos casos de câncer de próstata no Brasil disparou 414% entre 1990 e 2013, passando de 18,7 mil para 96,3 mil. Ainda que se considere apenas a incidência da doença, isto é, a quantidade de diagnósticos a cada 100 mil habitantes, o que permite descontar fatores como crescimento populacional, o aumento ainda é grande, de 127,9%, tendo o índice se elevado de 26,52 para 60,44 no mesmo período. A doença mata cerca de cerca 15 mil homens por ano no Brasil.
Vale notar que, no caso do Brasil, o aumento observado nas taxas de incidência pode ser justificado, parcialmente, pela evolução de métodos diagnósticos (acessibilidade a exames), melhoria nos sistemas de informação e pelo aumento da expectativa de vida.
Como e quando prevenir?
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que todo homem acima dos 50 anos faça regularmente o PSA (dosagem do antígeno prostático específico) e o exame de toque. Homens com histórico familiar de câncer de próstata devem avisar o/a médico/a, para que seja definida a melhor conduta.
Mais importante que o PSA e o exame de toque é fortalecer a relação homem–saúde, criando a cultura de consultas de rotina, a procura e atendimento médico para prevenção depois dos 30, 40 anos, de janeiro a janeiro.
Hábitos saudáveis como realizar atividade física regular, ter uma alimentação rica em fibras, com redução de gorduras, principalmente de origem animal, diminuir o consumo de bebida alcoólica e não fumar são formas fundamentais de prevenir o câncer de próstata e outras doenças que prejudicam a saúde do homem.
HÁBITOS E FATORES DE RISCO
- Herança genética
- Idade (maiores de 50 anos)
- Fumo
- Diabetes
- Sedentarismo
- Bebida alcoólica
- Obesidade
- Dieta rica em gordura e pobre em fibras
Fabíola Silva
Médica, formada na ELAM (Cuba), integrante do programa Mais Médicos