Nós que o abismo vemos
No caso das cenas de terremotos, por exemplo, é angustiante ver a terra rachando e engolindo tudo o que encontra pela frente. Não muito longe desta imagem, é o que temos sentido como brasileiros. Parados ou em movimento, as rachaduras causadas pelo golpe de 2016 continuam avançando e se expandindo em todas as direções, deixando a impressão de que em algum momento seremos todos tragados por elas; pois há um cansaço generalizado, um torpor que dorme e acorda conosco, quase nos impedindo de correr, de lutar. No entanto, aprendemos com Glauber Rocha, que “mais forte são os poderes do povo”, enquanto Joan Baez nos diz: “No nos moveran”.
As criaturas abissais que hoje infestam a nação, sempre estiveram por aí e sempre foram o que são. Das profundezas onde vivem, aplaudiram quando o navio, carregado de Césio 137, aportou no país no fatídico ano de 2016. Cegos pela luz, os “inocentes do abismo” logo se declararam inimigos do conhecimento, da cultura e da razão; coisas que os ferem de morte. Enredados na sua ignorância, as criaturas abissais não viram A última floresta. Não leram, mas odiaram “Copacabana”, de Chico Buarque, apenas por ser de Chico Buarque.
https://revistaxapuri.info/projeto-lula-brasil/