Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the insert-headers-and-footers domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u864329081/domains/revistaxapuri.info/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121

Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the wpforms-lite domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u864329081/domains/revistaxapuri.info/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121

Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the advanced-ads domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u864329081/domains/revistaxapuri.info/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121

Deprecated: version_compare(): Passing null to parameter #2 ($version2) of type string is deprecated in /home/u864329081/domains/revistaxapuri.info/public_html/wp-content/plugins/elementor/core/experiments/manager.php on line 132

Deprecated: strpos(): Passing null to parameter #1 ($haystack) of type string is deprecated in /home/u864329081/domains/revistaxapuri.info/public_html/wp-content/plugins/elementor-pro/modules/loop-builder/module.php on line 200
Negros e negras são mais vulneráveis à morte por Covid-19 revistaxapuri.info

Negros e negras são mais vulneráveis à morte por Covid-19

Negros e negras são os mais vulneráveis à morte por Covid-19

Por Almir Aguiar

A pandemia da Covid-19 é um mal que atinge o mundo inteiro matando milhões de pessoas. No Brasil, que é o segundo em óbitos no planeta, superado apenas pelos EUA, há dois agravantes que aumentam a tragédia: o primeiro é o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo, imitando o seu guru, o ex-presidente americano Donald Trump.

Além do descaso há também incompetência e corrupção no alto escalão, como comprova a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado. Já são mais 600 mil de vidas que foram ceifadas em nosso país. O segundo agravante é a colossal desigualdade social, aprofundada pela política econômica neoliberal imposta ao país desde o golpe que derrubou a presidente Dilma Rousseff e que ficou ainda pior no atual governo, sob a batuta do ministro banqueiro Paulo Guedes. E como sabemos, esta desigualdade tem cor.

É a realidade comprovada por números oficiais que esta desigualdade tem cor e expressa o racismo histórico e estrutural enraizado em nossa sociedade. Condições de vida e de moradia mais precária, sem saneamento básico, famílias numerosas coabitando cômodos pequenos e sem estrutura nas favelas e periferias das cidades, ausência de uma política de saúde pública preventiva e a situação agravada pela explosão do desemprego, da miséria e dos preços dos alimentos, energia elétrica e gás de cozinha, que afetam ainda mais os mais pobres.

Em outras palavras, é a população negra que está na base da pirâmide social numa sociedade quase que de castas que mais sofre com a crise econômica e sanitária. Esta desigualdade persevera e atingiu níveis insuportáveis quando parcela da sociedade racista saiu do armário e assumiu suas posições intolerantes e discriminatórias numa espécie de ideal de superioridade racial branca que faz lembrar o nazismo, com suas adaptações à hipocrisia do racismo brasileiro e ao mito da democracia racial.

Esta falta de condições mínimas de vida tornam negros e negras os mais vulneráveis também na tragédia sanitária da Covid-19. Um conjunto de pesquisa feita pela Rede Solidária aponta que, por estas condições sociais de vida, o risco de morte é maior para homens e negros e mulheres negras.

O estudo é baseado nas estatísticas oficiais do Ministério da Saúde revelando que o maior percentual de morte de negros não é apenas por causa de suas atividades profissionais mais expostas ao vírus, mas também por outros fatores sociais.

Os trabalhadores que perderam a vida no universo dos 67,5 mil de óbitos no ano passado apontados pela pesquisa, são dos setores de comércio e serviços (inclusive bancos), totalizando 6.420 óbitos, seguido da agricultura (3.384) e transportes (3.367).

Em todas as atividades os riscos de morte são maiores para os homens negros, com exceção do setor agrícola. Chama a atenção o fato de que, mesmo nas profissões de nível superior, morrem mais negros que brancos de Covid-19: 43% maior entre advogados e 44% maior entre arquitetos e engenheiros, por exemplo.

Tudo indica que, mesmo com idêntico nível de escolaridade e atividade profissional, a população negra tem condições de vida que a colocam como mais vulnerável nesta pandemia, visto que a média salarial dos brancos é sempre maior.

Pesquisa feita pela Associação Brasileira de ONGs (Organizações Não Governamentais), a Abong, aponta que, em 2019, as pessoas afrodescendentes ganharam, em média, 27% menos do que as brancas. A inserção mais precária de muitos negros ao mercado de trabalho, em empresas menores e com piores condições de trabalho ou mesmo sem vínculo empregatício, também explica a maior vulnerabilidade.

Os riscos de morte entre mulheres negras, que estão na base da pirâmide, também são altas proporções. Em serviços domésticos, estes riscos são 112% maiores entre negras do que em relação às brancas. Nas ocupações de nível superior não há diferenças relevantes por uma razão que revela o quanto o mercado de trabalho discrimina a população negra, especialmente as mulheres: há muito poucas negras nessas atividades.

Durante a pandemia, a ausência de acesso a serviços de saúde, condições de vida precárias em habitação e saneamento e tarefas com crianças e idosos tornou muitas mulheres mais vulneráveis, especialmente as negras.

Fato é que a tragédia sanitária, que atinge a todos, independentemente de classe social, gênero e raça, explicita ainda mais o racismo no Brasil e o quanto é importante inserir negros e negras em programas de oportunidades na educação e no trabalho, como a política de cotas, para enfrentarmos a dívida histórica de uma sociedade cujas elites trazem todo o ranço do senhor de engenho e sua visão de que gente, no caso os trabalhadores, é para explorar, queimar como carvão, para tirar o maior lucro possível, mesmo que isto resulte na morte de um grande número de negros e negras pobres.

É esta elite egoísta, ranzinza, insensível, avarenta e racista que impede o Brasil de ser uma nação justa, desenvolvida e com oportunidades para todos. Estes paradigmas passaram da hora de serem superados. E, neste caso da pandemia, estamos falando de vidas ceifadas.

Até na questão da grave crise sanitária, negros e negras são as maiores vítimas num Brasil racista e desigual. Isto precisa ter um fim ou jamais vamos nos tornar uma nação desenvolvida, socialmente pacificada e com igualdade de oportunidades.

A responsabilidade por estas mudanças é de todos. Mas que os trabalhadores não esperem o ponta pé inicial desta burguesia racista.

Almir Aguiar é militante do MNU, Secretário de Combate ao Racismo da  Contraf-CUT e membro do Coletivo Estadual de Combate ao Racismo PT/RJ. 


 

[instagram-feed]
Enable Notifications OK Não, obrigado.