Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the insert-headers-and-footers domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u864329081/domains/revistaxapuri.info/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121

Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the wpforms-lite domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u864329081/domains/revistaxapuri.info/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121

Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the advanced-ads domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u864329081/domains/revistaxapuri.info/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121

Deprecated: version_compare(): Passing null to parameter #2 ($version2) of type string is deprecated in /home/u864329081/domains/revistaxapuri.info/public_html/wp-content/plugins/elementor/core/experiments/manager.php on line 132

Deprecated: strpos(): Passing null to parameter #1 ($haystack) of type string is deprecated in /home/u864329081/domains/revistaxapuri.info/public_html/wp-content/plugins/elementor-pro/modules/loop-builder/module.php on line 200
Mulheres Emancipacionistas: Independência, a outra História revistaxapuri.info
Mulheres Emancipacionistas: Independência, a outra História

Mulheres Emancipacionistas: Independência, a outra História

Mulheres Emancipacionistas: Independência, a outra História

Julgando que Pedro sofresse também da conhecida atitude irresoluta do pai, Dom João VI, a princesa Leopoldina torcia para que, naqueles dias de 1821 e 1822, os políticos brasileiros pressionassem um pouco mais seu marido a desrespeitar as exigências e pressões do Parlamento português para que eles retornassem a Portugal.

Daqueles momentos, constam nos anais pronunciamento da Princesa, em que afirmava: “… Pedro não está tão positivamente decidido quanto eu desejaria…”.

Feito Regente em terras brasileiras pelo pai, que retornara à metrópole por exigência de rebeldes da burguesia lusitana, Dom Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Gabriel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon oscilava entre agir de acordo com as demandas das elites agrárias e comerciais da Colônia ou manter-se fiel ao pai e obediente às exigências dos revolucionários portugueses.

CONTINUA DEPOIS DO ANÚNCIO

Hesitante nas questões políticas, embora firme e determinado nos assuntos amorosos, aquele que seria nosso primeiro imperador teve, na verdade, grandes dificuldades para conduzir o desfecho do longo processo que levou à emancipação política do Brasil. Se pôde ele passar para a História como o líder maior daquele processo, está ele a dever ao conservadorismo machista que impregnou desde sempre a historiografia oficial.

Outra História já pode e deve ser escrita, com a inclusão dos episódios que foram conduzidos pela princesa e depois imperatriz Dona Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda Beatriz de Habsburgo-Lorena, talvez a maior responsável pelas desobediências do marido às ordens de Lisboa.

A primeira grande estadista do Brasil fora educada na ilustrada corte de Viena, centro do Império Austríaco. Filha do imperador Francisco II, teve como “tutor” o nobre diplomata príncipe de Metternich, peça importantíssima no Congresso de Viena de 1815. Leitora voraz e estudante dedicada, versada em línguas (latim, francês e italiano), era dotada de amplos conhecimentos em matemática, literatura, história, religião e ciências naturais. Gostava de visitar museus, centros de estudos e tudo mais que pudesse ampliar seus conhecimentos.

Ainda jovem, foi admitida na Ordem da Cruz d’Estrela, instituição que, entre outras coisas, difundia valores como a fé e a honestidade. Casada por contrato com o herdeiro do trono português, cumpriu com esmero o papel político que cabia aos jovens das cortes absolutistas da Europa, como atestam seus escritos de 1817, ano em que chegou ao Brasil para o casamento: “por mais difícil que seja a separação de minha família, meu destino é o Brasil e o cumprirei com prazer o mais rápido possível”.

Mesmo convivendo com os deslizes amorosos do marido, adúltero contumaz, em nenhum momento a princesa estrangeira do Brasil descuidou dos afazeres políticos que competiam a ela e ao esposo ausente. Nos primeiros dias daquele setembro, vésperas da oficialização da Independência, Pedro estava em viagem a São Paulo, ou Santos, terra natal da sua mais ilustre amante, dona Domitila de Castro.

Vendo-se muito pressionada pelas ordens vindas das Cortes de Lisboa, e já esgotada e até envergonhada pela humilhante situação a que eram expostos, o marido e ela, Leopoldina escreve a Pedro – ela e o ministro José Bonifácio. O teor das cartas pouco importa, o fato é que, mais do que a aspereza, a justeza das palavras levou Dom Pedro a decidir-se pelo rompimento.

Mulheres Emancipacionistas: Independência, a outra HistóriaFeita Imperatriz, após a Independência, ela recobriu o Palácio Imperial de São Cristóvão com o manto da honradez e da decência. Se a moralidade chegou em algum momento a permear a vida do nosso primeiro imperador, isso se deve a ela. Esmagada em seus sentimentos de mulher e mãe pelos desvios do marido adúltero, ferida fisicamente pelas surras do marido canalha, conseguiu fazer-se amada pelo povo, que chorou sua morte prematura após um aborto que teria sido provocado pela truculência do filho de Carlota Joaquina.

No entanto, é ele o herói da nossa emancipação política. Nada mal para uma nação que cultua Tiradentes como “Mártir da Independência” – um “revolucionário” que morreu trinta e três anos antes da separação, por ter participado de um movimento que nunca eclodiu – a Inconfidência Mineira foi um movimento natimorto. Tiradentes, que teria tido uma filha nunca reconhecida por ele porque a mãe era negra… Ficam bem, Pedro e Joaquim, na galeria dos “heróis” construídos pela historiografia oficial.

A mesma historiografia que aloca em sua galeria a princesa Isabel, mas esconde outras tantas mulheres que lutaram e/ou deram suas vidas às causas políticas e militares em favor da emancipação.

A Guerra de Independência da Bahia, por exemplo, é emblemática nesse quesito. São inúmeros os relatos de mulheres livres e escravizadas, brancas e negras, que teriam participado em combates. A religiosa Joana Angélica, abadessa do Convento da Lapa, foi morta ao tentar impedir a entrada de soldados da tropa portuguesa no convento.

Maria Quitéria substituiu no front um escravo negado pelo pai a um emissário das forças de resistência. A moça saiu de casa com roupas do cunhado para juntar-se aos combatentes da causa nacional.

CONTINUA DEPOIS DO ANÚNCIO

Menos mal que acabou reconhecida pelo imperador e pela Federação de Futebol da Bahia que já administrou um torneio estadual com o nome do [simple_tooltip content=’Santos, Joel Rufino. O soldado que não era. Editora moderna. SP. 1993.’]“Soldado que não era”[/simple_tooltip].

Essas guerreiras, assim como Maria Bárbara Pinto de Madureira, Ana Joaquina, e outras tantas, estavam do lado de fora dos muros do Palácio Imperial, muito distantes do epicentro das ocorrências políticas, mas lutaram e se fizeram presentes no processo.

Quatro meses antes da declaração oficial de Independência, mais de cento e oitenta mulheres baianas assinaram uma carta em que manifestavam apoio ao Príncipe Regente e endereçaram-na à Princesa do Brasil, Dona Leopoldina. Às mulheres cabia também a difícil tarefa de administrar as situações de penúria próprias das circunstâncias de convulsões prolongadas como aquelas guerras de Independência.

Os cercos levavam à escassez de víveres, e a elas competia prover as famílias com meios produzidos por suas criatividades.

Mas a historiografia ainda não tratou de aprofundar estudos sobre o grande número de episódios em que há evidências claras de participação ou atuação de brasileiras nas mais variadas frentes de todo o processo que culminou com a emancipação política do Brasil.

Talvez Leopoldinas e Quitérias contribuam muito mais para a construção da cidadania do que Pedros e Joaquins. A maestrina Chiquinha Gonzaga, carbonária da República; a educadora e escritora Nísia Floresta Brasileira Augusta, batalhadora das causas abolicionistas e liberdades de culto e expressão; Patricia R. Galvão, a Pagu, jornalista e ativista política, e muitas outras comporiam com dignidade uma nova galeria destinada à formação da alma nacional.


fernando_antonio_gelfusoFernando Antônio Gelfuso
Historiador, Professor.

 

Obs.: publicado originalmente em 16 de set de 2015

http://revistaxapuri.info/maria-leopoldina-princesa-da-liberdade-imperatriz-da-independencia/

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapui.info. Gratidão!

[instagram-feed]
Enable Notifications OK Não, obrigado.