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Hora de parar de vender o amanhã revistaxapuri.info

Hora de parar de vender o amanhã

Hora de parar de vender o amanhã

Parei de andar mundo afora, suspendi compromissos. Estou com minha família na aldeia Krenak, no Médio Rio Doce. Já estávamos aqui de luto com o nosso Rio Doce. Não imaginava que o mundo faria esse luto conosco….

Por Ailton Krenak

 

Está todo mundo parado. Todo mundo.

 

Quando os engenheiros me disseram que iam usar a engenharia, a tecnologia para recuperar o Rio Doce, perguntaram a minha opinião. Eu disse: minha sugestão é impossível de colocar em prática, pois teríamos de parar todas as atividades humanas que incidem sobre o corpo do rio, a 100 quilômetros da margem esquerda e da margem direita até que o Rio Doce volte a ter vida. O engenheiro me disse: “Mas isso é impossível, o mundo não pode parar”.

 

E o mundo parou. Desde muito tempo, a minha comunhão com tudo o que chamam de natureza é experiência que não vejo muita gente que vive na cidade valorizando. Já vi pessoas me ridicularizando – ele conversa com árvore, abraça árvore, conversa com o rio, contempla a montanha – como se isso fosse uma espécie de alienação.

 

Essa é minha experiência de vida. Se é alienação, sou alienado no sentido comum do que pensam as pessoas. Há muito tempo não programo atividades para depois. Temos de parar de ser convencidos. Não sabemos se estaremos vivos amanhã. Temos de parar de vender o amanhã.

 

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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