Consciência Ambiental –
A geração da minha idade, acima dos 65 anos, é às vezes acusada de inconsciência ambiental. Há alguns, que por falta de civismo ou autoconfiança, dão a impressão de “posso, quero, mando”, como na ditadura. Desperdiçam energia, não separam o lixo.
Hoje isso até é normal entre os que têm algum poder, mesmo que temporário. Bajulam o chefe e maltratam todos os demais. Mas raramente o fazem com os estrangeiros, para depois tentar vender-lhes algo. Ou usam o poder para obter um ‘agrado’ que os seus concidadãos agora, com o materialismo e a futilidade propagados pela TV, já não oferece.
Mas o que tínhamos no nosso tempo, ainda na escola ou recém-formados? Como era a sociedade? Tínhamos garrafas de leite e de refrigerantes que devolvíamos ao mini-mercado, que devolvia ao fabricante no mesmo camião que trazia as cheias, aquele lavava e as reutilizava muitas vezes. Ninguém dizia que isto era consciência ambiental, nem havia esta expressão.
Era apenas uma forma de gastar menos material e energia, de reaproveitar o que já existe.
O pão que sobrava tornava-se a base para a sopa com outras sobras, para as noites seguintes. As latas de atum ou sardinha tornavam-se cinzeiros, pelas hábeis mãos da avó. As latas grandes, vaso para plantas, após uma demão de tinta. Garrafas bonitas eram cortadas ao meio e os cantos polidos, para servir de copos e até jarros de flores.
Os alimentos só levavam conservantes naturais e tinham curta duração. Do leite que estava quase a azedar, fazíamos iogurte ou queijo-coalho; da fruta fazia-se compota com pouco açúcar e das hortaliças pickles, com vinagre ou limão.
No Outono, aos domingos (trabalhávamos aos sábados) andávamos pela mata a colher cogumelos que eram secos, postos em potes e rendiam meses. E que alegria sentir o aroma dos cogumelos na frigideira e ouvir o incessante tagarelar dos amigos, todos juntos, a limpar e cortar os cogumelos. Era divertido, unia familiares e amigos. Fazíamos tudo juntos, e cada família levava uma dose proporcional ao seu tamanho.
Consciência ambiental? Recolhíamos galhos e ramos nos campos e matas, para evitar incêndios e para ter material para o grill do domingo. Fazíamos a poda na mata, para ter lenha e ao mesmo tempo garantir a qualidade das árvores que necessitam de mais sol. Os raros papéis e o lixo que haviam na natureza iam para o fogão a lenha ou grill.
Bons tempos…
Jack Soifer – autor de ‘Empreender Ecoturismo’, Transportes’ e ‘A Grande Pequena Empresa’
foto: Marcello Gambetti