Barbárie no Maranhão: Ministro Serraglio emite e depois muda nota questionando identidade indígena do povo Gamela –
Ante o ataque ao povo Gamela da comunidade de Bahias, no Maranhão, onde dois indígenas tiveram as mãos decepadas por facões, cinco foram baleados e pelo menos 13 foram atacados a pauladas, primeiro, por meio de nota, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, disse neste primeiro de maio que a pasta “está averiguando o ocorrido envolvendo pequenos agricultores e supostos indígenas”.
Pouco depois, o texto publicado no site do ministério suprimiu a palavra “supostos”, e deu à segunda nota um tom mais ameno, substituindo o questionamento à identidade indígena do povo Gamela por “conflitos agrários.” Nos dois casos, o Ministério da Justiça informa que irá apurar o ataque, e que já deslocou uma equipe da Polícia Federal para a região de Viana (cerca de 250 km da capital do estado, São Luís, para “evitar mais conflitos.”
Veja as duas versões da nota do Ministério da Justiça:
Primeira versão da nota divulgada pelo Ministério:
Brasília, 1/5/17 – O Ministério da Justiça e Segurança Pública está averiguando o ocorrido envolvendo pequenos agricultores e supostos indígenas no povoado de Bahias, no Maranhão. Por determinação do ministro Osmar Serraglio, a Polícia Federal já enviou uma equipe para o local para evitar mais conflitos e ofereceu apoio à Secretaria de Segurança Pública que, por sua vez, já instaurou inquérito para investigar o caso.
Segunda versão da nota divulgada pelo Ministério:
Brasília, 1/5/17 – O Ministério da Justiça e Segurança Pública está averiguando o conflito agrário no povoado de Bahias, no Maranhão. Por determinação do ministro Osmar Serraglio, a Polícia Federal já enviou uma equipe para o local para evitar mais conflitos e ofereceu apoio à Secretaria de Segurança Pública que, por sua vez, já instaurou inquérito para investigar o caso.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a área onde reivindicada pelos indígenas do povo Gamela nunca foi demarcada pela Fundação Nacional do Índio (Funai). A mesma comunidade já havia sido alvo de outros dois ataques, em 2015 e 2016.
Para a CPT, a ação contra os indígenas foi planejada e articulada por fazendeiros e pistoleiros da região, que convocou as pessoas para o ataque contra os indígenas meio de um texto compartilhado pelo aplicativo WhatsApp, e também nas rádios locais.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informou na tarde de hoje (01/05) que os indígenas forma pegos de surpresa quando já tentavam sair da área para evitar um confronto, e que não tiveram como reagir ao ataque com armas de fogo, facões e mesmo pauladas.
Segundo CPT, há cerca de 360 conflitos no campo no Estado. Somente em 2016, foram registradas 196 ocorrências de violência contra os povos do campo. No ano passado, 13 pessoas foram assassinadas e 72 estão ameaçadas de morte.
Fotos: Brasil 247