As aves que aqui gorjeiam
Jaime Sautchuk foi uma das pessoas mais importantes na minha vida. Ele contribuiu para me moldar política e culturalmente. Nossa convivência, entremeada por filmes de Godard, Akira Kurosawa, e palestra do Eduardo Galeano em Londres, em meados da década de 1970, sedimentou nossa amizade.
Por Valderez Caetano
Fui apresentada a ele por dois grandes amigos. O saudoso Jônio Freitas Mota e Etevaldo Dias. Gente taluda. Na ocasião fui para Londres com uma encomenda do Jônio que era levar a filha dele, Flávia, de 16 anos, para morar na casa do Jaime e da Vera. A encomenda do Etevaldo era mais peculiar e menos trabalhosa: entregar a ele um pequeno pássaro de barro com o recado “as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”.
A partir de então foi uma longa amizade alternada pela militância política e cantorias de música caipira de raiz. Juntos fomos conhecer o famoso Poço Verde “da esperança” em Coromandel, minha cidade natal e do compositor Goiá, que ele amava. Valeu a pena meu amigo. Descansa em paz. Você merece. Amo você.
Valderez Caetano – Jornalista. Capa: Desenho por Luísa Soares.