A vulnerabilidade de toda sustentabilidade –
Não há sustentabilidade plena sem o resto. Toda [sustentabilidade] está submetida ao princípio da incompletude que marca todos os seres e o inteiro universo.
Dito isso, faz-se mister, antes de mais nada, sanar os danos feitos à Terra e aos ecossistemas pela sistemática depredação por parte dos seres humanos. Entregue a si mesma, a Terra demorará algumas centenas de anos até recuperar sua integridade e sustentabilidade. Há muito por fazer, para sanar feridas passadas e evitar outras futuras.
Em seguida, a Terra e todos os seres estão sob a regência da lei da entropia, do desgaste irrefreável das energias e de todos os sistemas. Todos caminhamos rumo a um colapso do universo, apesar da força das estruturas dissipativas de Ilya Prigogine, segundo a qual o universo tem a capacidade de fazer dos dejetos e da entropia uma nova fonte de energia (negentropia).
Mas mesmo essa tardança não elimina o fato de que em 5 bilhões de anos o Sol vai gastar todo o seu hidrogênio, e por mais 5 bilhões de anos consumirá todo o hélio até transformar-se numa estrela morta e num buraco negro, [e que] nessa passagem do hidrogênio para o hélio terá calcinado a maioria dos planetas, inclusive a própria Terra, com tudo o que nela existe.
Ademais, não estamos livres das catástrofes inerentes à própria geofísica da Terra, da deriva continental, dos movimentos das placas tectônicas, que poderão provocar tsunamis e devastações arrasadoras.
Por fim, como aconteceu há 6,5 bilhões de anos, poderá cair sobre nós um incomensurável meteoro rasante, capaz de destruir toda a civilização e eliminar parte ou toda a espécie humana.
Com isso queremos dizer: nenhuma sustentabilidade nos poderá salvar de tais eventos. Ela é, por natureza, vulnerável e está submetida ao princípio cósmico do caos.
Mas, no que estiver sob nossa responsabilidade, cabe construí-la, no tempo que nos toca viver, para que nos garanta a sobrevivência e a proteção de nossa Casa Comum: a Terra.